Ela é a bebida das comemorações, associada como nenhuma outra com alegria, festas e vitórias. Foi ela que lançou ao mar milhares de navios, deu brilho e sofisticação a tantas festas, brindou tantos casamentos, consagra os campeões da Fórmula 1 e foi a cúmplice discreta de momentos íntimos e picantes de casais apaixonados. Uma bebida tão charmosa quanto o país de sua origem e de tantas histórias tão fascinantes quanto suas borbulhas.
Antes de ser um famoso vinho borbulhante, Champagne é uma região da França localizada a 100 km de Paris. Desde o tempo do domínio romano já eram famosos os vinhos ali produzidos pela boa qualidade de suas uvas.
A história dessa bebida inigualável teve início no século 17, época em que as ordens religiosas dominavam a arte de produzir os melhores vinhos. No ano de 1657 chega a abadia beneditina de Hantevillers o monge Pierre Pérignon com a função de administrar as finanças e supervisionar o cultivo das uvas e, consequentemente, a produção do vinho. Apesar de levar o crédito de inventor do champanhe, o que ele fez realmente foi idealizar o processo “assemblage”, isto é, a arte de misturar vários tipos de vinho conseguindo assim, uma bebida equilibrada e de um delicioso frescor.
A verdade é que o champgne foi descoberto por acaso. O certo é que naqueles tempos, os vinhos da região de Champagne eram “calmos” e sem nenhuma alteração borbulhante. Os produtores começaram a notar que alguns deles feitos com certas espécies de uvas paravam de ferventar com a chegada do inverno, reiniciando este processo com a chegada da primavera quando os dias se tornavam mais quentes. Mas, o que mais lhes causava, espanto era o estouro das garrafas que era provocado pelo acúmulo de gás carbônico. Durante muito tempo isso foi tido como uma falha técnica e o vinho considerado de má qualidade.
Dom Perignon passou muito tempo observando e estudando como evitar as bolhas desse “péssimo” vinho. As bolhas ele não conseguiu evitar mas, foi então que desenvolveu a arte de “assemblage”, aperfeiçoando cada vez mais a técnica do clareamento do vinho, resultando em uma bebida esplendorosamente brilhante e de tal frescor como nunca havia sido produzido antes. Para evitar que as garrafas estourassem, ele começou a usar garrafas mais resistentes fabricadas na Inglaterra, fechando-as com rolhas especiais vindas da Espanha.
A partir do século 18 esta bebida conquista definitivamente a preferência dos nobres do Palais Royal, quando recebeu o apelido de “saute-bouchon” (salta-rolha). A seguir os reis da França, Luís 15 e 16, fizeram dela a bebida oficial da corte, transformando-a em símbolo dos poderosos e figura presente nas grandes festas. Assim, ela começa a correr a Europa e o mundo.
Segundo os meios de fofocas da época, Luís 15 preferia degustá-la principalmente na companhia de suas amantes. Contam também que as primeiras taças de boca larga criadas para sua degustação, foram moldadas no formado de um dos seios de Madame Pompadour, amante de Luís 15, por ordem dele. Madame Pompadour foi sua amante e é dela a frase: “O champagne é a única bebida capaz de fazer uma mulher mais bela”.
Também existe uma lenda que durante o reinado de Luís15, os homens demonstravam sua admiração por uma mulher, tomando champanhe usando o sapato de salto alto dela. Verdade ou lenda, a vinícola francesa Piper Heidsieck e o designer de sapatos Christian Louboutin, criaram um sapato de salto alto feito de cristal para a degustação da bebida.
A fama desta bebida não é apenas por conta de seu paladar inconfundível ou dos esforços de seus produtores em propagá-la. O que lhe deu charme e glamour foram justamente as histórias glamorosas e picantes que se espalharam a seu respeito e que ficaram conhecidas mundo afora. No século19, a viúva Clicquot começou a exportar seu famoso champanhe para as orgias dos czares russos.
Outro grande apreciador desta bebida foi o estadista Winston Churchill que em 1918 declarou: “Lembrem-se cavaleiros, não é apenas pela França que estamos lutando, é por Champanhe”. Outra história que envolve esta bebida é sobre Edward VII, rei da Inglaterra. Dizem que ele costumava encher banheiras com esta bebida e ali fazer sua “festinha” particular em companhia de suas amantes. Um hábito um tanto caro e que foi imitado pelas grandes estrelas de Hollywood nas décadas de 40 e 50. Champanhe é uma bebida feita para sonhar.
Que o borbulhar volátil de suas borbulhas tragam para o próximo ano acima de tudo paz e esperança para que tudo melhore. Que os sons de bombas e tiros sejam substituídos pelo espocar de suas rolhas numa mensagem de Paz e Fraternidade. Quando chegar à meia-noite, com os corações repletos de esperanças e sonhos, brindemos a vida e a chegada do novo ano com champanhe... a bebida do amor.