Paris... Quem não sonha em conhecer a bela capital francesa, sentar-se em um pequeno bistrô para tomar um café e apreciar “la vie en rose”. Depois, pegar um “bateaux mouche” e fazer um romântico e histórico passeio através do rio Sena, onde também você pode desfrutar de um delicioso jantar ao som de suaves acordes de um acordeon, além de se deslumbrar com os mais importantes marcos da história francesa que desfilam às suas margens.
À noite, enquanto o barco desliza suavemente em seu trajeto pelo rio Sena, indiscretamente um poderoso holofote instalado no mesmo ilumina a intimidade de casais de namorados às suas margens. A cidade tem um charme e uma elegância muito especial.
Conhecida como a capital da moda e da cultura, uma das cidades mais visitadas em todo o mundo, conseguiu acompanhar os tempos modernos sem perder suas características e seu irresistível charme e, o mais importante, deixando intacta sua tradição. Paris, centro da arte e palco de tantas lutas e manifestações é uma cidade inesquecível.
Mas, Paris não se resume apenas em visitar a famosa torre Eiffel... Ah, Paris pode oferecer muito mais. Para apreciar o que esta cidade tem de mais belo é preciso deixar de lado um pouco de lado sua vida exterior e mundana, a sedução das compras e dos perfumes, trocando tudo isto para conhecer sua história através de seus museus, palácios e monumentos.
E uma das preciosidades que Paris tinha de grande valor histórico, artístico e religioso era a famosa Catedral de Notre Dame, magnífica em seu estilo gótico. Falo no passado, pois todos devem lembrar do terrível incêndio que destruiu parte da catedral no dia 15 de abril deste ano. Neste dia, não só a França, mas o mundo inteiro parou para acompanhar com grande tristeza o fogo acabar com parte de um dos maiores símbolos de Paris. Esta foi uma de suas atrações turísticas que mais me fascinaram quando visitei esta deliciosa cidade.
A catedral, que foi construída de 1163 a 1245, perdeu também grande parte de seu histórico acervo. 850 anos de história foram queimados. Importantes passagens da história passaram por ela. Ali, Joana D’Arc foi beatificada em 1909, assim como Napoleão também lá foi coroado imperador em 1804. A história conta que Napoleão não queria ser coroado pelo Papa ali presente, pois queria mostrar que seu governo era o poder supremo da França e não a igreja. Assim, ele se levantou e se coroou e depois fez o mesmo com Joséphine, sua esposa. O Papa muito surpreso, se recusou abençoar a cerimônia.
Notre Dame também tem suas lendas e a mais conhecida é a do Corcunda de Notre Dame, conhecida através do livro escrito por Victor Hugo. Dizem que ele se inspirou em um escultor corcunda que trabalhou lá, em 1820, em um projeto de restauração. No museu Tate Modern em Londres, existe um documento sobre a biografia do escultor Henry Sibson que foi contratado pelo governo francês para um trabalho de recuperação da catedral. Neste documento ele cita a presença de um outro escultor, também contratado pelo governo, que era uma pessoa muito solitária e corcunda. O interessante é que o famoso romance de Victor Hugo, foi escrito na mesma época em que dois ali trabalhavam. Seria ele o próprio Quasimodo?
Além desta, tem outra lenda bem conhecida e misteriosa. Dizem que no século 13, durante a construção da catedral, um jovem ferreiro muito competente chamado Biscornet, foi escolhido para executar os ornamentos forjados em ferro nas portas laterais da catedral. O jovem parisiense ficou muito orgulhoso pela tarefa. Logo apresentou belíssimos desenhos de arabescos aos padres que ficaram encantados. Com o passar dos dias, Biscornet fica com muita dificuldade de reproduzir os desenhos em metal. Desesperado por não conseguir executar o trabalho ele invocou o diabo pedindo ajuda, oferecendo em troca sua alma. Depois de ter feito o pacto, ele acorda em seu ateliê com seu trabalho pronto. Logo foram colocados nas portas da catedral. Esta obra-prima deixa todos maravilhados e ele recebe muitos elogios, além de ser promovido a mestre artesão. Dizem que logo em seguida ele foi encontrado morto em condições bem estranhas em seu quarto. Também, conta a lenda, que na inauguração as portas estavam inexplicavelmente bloqueadas e só se abriram após serem benzidas com muita água benta. A partir deste dia elas foram chamadas de Portas do Diabo. Até hoje, os artistas do ramo não conseguem entender como Biscornet conseguiu executar um trabalho tão fantástico. Mas, lendas são lendas, e nelas podem existir uma pitada de verdade.
O que realmente existe são as relíquias da catedral que, creio foram salvas: manuscritos medievais, relíquias religiosas como a Coroa de Espinhos de Cristo e um pedaço da cruz onde foi sacrificado. Estes objetos foram comprados pelo rei Luís IX que pagou uma fortuna por eles. Quando da revolução francesa, as 28 estátuas da Galeria dos Reis foram decapitadas; elas representavam personagens bíblicos, mas os revolucionários achavam que representassem os reis franceses. Elas foram substituídas por réplicas e as cabeças se encontram no Musée National du Moyen Âge.
Bem, o fato é que Paris “C’est magique”. Au Revoir.