Aposto que você já bateu na madeira três vezes para afastar o azar. E evitar passar debaixo de escada, quem não o faz? As superstições ou crendices trazendo coisas boas ou más, sempre estiveram presentes na vida do ser humano desde que o mundo é mundo. O antigo ditado já dizia “eu não acredito em bruxas, mas que existem, existem”. As superstições remontam de um tempo em que o homem via o mundo com misticismo e acreditava que fatos misteriosos e inexplicáveis podiam influenciar em suas decisões. E assim, essa crença foi transmitida para as gerações seguintes e até hoje fazem parte de nossas vidas.
Em meio a esses fatos, sobrou até para o gato preto, considerado portador de azar desde a época medieval na Europa, pois era tido como disfarce das bruxas em seus rolês noturnos. A situação ficou tão “preta” para os pobres bichanos que se tornaram até alvo da Santa Inquisição, quando o Papa Inocêncio VIII os colocaram na lista de perseguidos.
Deixando de lado este absurdo, o que diz a “urucubaca” sobre a sexta-feira 13? Entre várias explicações, a de maior crédito conta que essa maldição surgiu porque Jesus celebrou a última ceia, que aconteceu em uma sexta-feira, véspera de sua crucificação e contava com 13 pessoas. Adivinhem... o décimo terceiro era Judas, o traidor.
Agora, coisa boa é bater três vezes na madeira para espantar o azar. O costume vem da antiguidade e dos indígenas americanos que acreditavam que quando raios caíam sobre as árvores, eram os deuses mandando algum sinal. Também, acreditavam que as árvores eram moradas dos deuses. Assim, quando a coisa ficava feia, o jeito era bater três vezes na madeira para espantar o azar. Na Itália, cruzar com um bando de freiras também é urucubaca na certa e para afastar o azar é preciso tocar nas partes íntimas.
E quantas vezes, quando o dia não está legal, dizemos que levantamos com o pé esquerdo, isto é, sinal de azar. Mas, levantar ou entrar em qualquer lugar com o pé direito, traz sorte. Mais uma crença que nasceu com os romanos na antiguidade: o lado direito é o do bem, o esquerdo o do mal. Vale lembrar que na tradição cristã, os eleitos de Deus estão sempre a sua direita. Basta notar os termos usados para trazer boa sorte como: “vou entrar com o pé direito”. E o negócio de fazer figa para espantar as coisas ruins? Originalmente era um amuleto usado na Itália na época dos etruscos, com o nome de “manofico”. Chegou ao Brasil através da colonização, mas enquanto lá tornou-se um gesto obsceno e de erotismo, aqui é usado como sinal de proteção. Dizem que a mais forte é a Figa de Guiné, nome da madeira usada em sua confecção.
Tenho certeza de que todos desviam o caminho para não passar debaixo de uma escada, pois se você o fizer, vai acumular muitos anos de azar. Esta crença é muito antiga e tem origem no antigo Egito onde uma escada encostada na parede formava a trindade dos deuses e passar embaixo dela era uma profanação. Também, é o símbolo da Santíssima Trindade e passar pelo seu centro seria pecado, pois estaria ameaçando o equilíbrio entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
E o espelho, espelho meu? Esta é a crença mais temida: quebrar um espelho. Essa é ruim, pois equivale a sete anos de azar para quem o fizer. Até que a história é bonita, pois começou na mitologia grega. Um rapaz de grande beleza, chamado Narciso, quando foi tomar água em um lago se apaixonou por seu reflexo. Ficou tão encantado que perdeu a noção do tempo tentando agarrar seu próprio reflexo na água. O “narcisista” acabou morrendo de inanição. Mas, também na Grécia antiga o reflexo do espelho era considerado a alma da pessoa, portanto quebrar o espelho significava mau agouro e a pessoa poderia morrer depois desse acontecimento. Outra versão vem de Roma antiga, onde se acreditava que quebrando o espelho estaria quebrando a própria alma. Mas, em compensação, os romanos também acreditavam que a vida era renovada em ciclos de sete anos e quando chegava um novo ciclo, o azar acabaria.
Mais coerente é a versão que também vem da Itália, onde foram criados os espelhos. Os ricos exibiam sua prosperidade colocando em suas casas grandes espelhos venezianos. Como estes eram caríssimos, para obrigar os empregados a terem o maior cuidado com eles, inventaram a tal história que quem os quebrasse iria amargurar sete anos de azar. Se você quebrar um espelho, não se apavore. Basta juntar os cacos, enrole em pedaço de pano e enterre o mais longe possível. Assim, você se livrará dos sete anos de azar e sua alma estará salva.
Outra superstição conhecida fala que dá azar ver a noiva antes do casamento. O motivo nada tem a ver com o azar, mas com a aparência física, tendo origem na época em que os casamentos eram feitos através de acordos comerciais entre as famílias e a realeza. Como o casal só se conhecia após efetuado o casório e a noiva não fosse uma Lady Di, o jeito era escondê-la para evitar o susto do noivo e a desistência que prejudicaria os acordos.
Brincadeiras à parte, acreditando ou não, todas essas superstições têm origem em histórias e lendas do passado. Sem falar das “simpatias” tipo colocar uma vassoura atrás da porta para uma visita indesejada ir embora e amuletos para trazer sorte, como ferradura, pé de coelho, arruda, trevo de quatro folhas e muitos outros. Mas, é bom lembrar mais uma vez “yo no creo en las brujas, mas pero que las ay...ay”.